Jogos Paraolímpicos - Parte 1

Jogos Paraolímpicos
Paralympic flag.png
Jogos Paraolímpicos - Parte 2
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Os Jogos Paraolímpicos (forma preferível a para-olímpicosparalímpicos ou parolímpicos)[1][2][3] são o maior evento esportivo mundial envolvendo pessoas comdeficiência.[4] Inclui atletas com deficiências físicas (de mobilidadeamputaçõescegueira ou paralisia cerebral) e, até 2000, atletas que sofriam de deficiência mental. Realizados pela primeira vez em 1960 em RomaItália, têm sua origem em Stoke Mandeville, na Inglaterra, onde ocorreram as primeiras competições esportivas para deficientes físicos, como forma de reabilitar militares atingidos na Segunda Guerra Mundial.
O sucesso das primeiras competições proporcionou um rápido crescimento ao movimento paraolímpico, que em 1976 já contava com quarenta países. Neste mesmo ano foi realizada a primeira edição dos Jogos de Inverno, levando a mais pessoas deficientes a possibilidade de praticar esportes em alto nível. Os Jogos de Barcelona, em 1992, representam um marco para o evento, já que pela primeira vez os comitês organizadores dos Jogos Olímpicos e Paraolímpicos trabalharam juntos. O apoio doComitê Olímpico Internacional após os Jogos de Seul, em 1988 proporcionou a fundação, em 1989, do Comitê Paraolímpico Internacional. Desde então os dois órgãos desenvolvem ações conjuntas visando ao desenvolvimento do esporte para deficientes.
Vinte e oito modalidades compõem o programa dos Jogos Paraolímpicos, sendo que vinte e cinco já foram disputadas, duas irão estrear na edição de 2016 e uma não tem previsão para a inclusão. Além de modalidades adaptadas, como atletismonataçãobasqueteboltênis de mesaesqui alpino e curling, há esportes disputados exclusivamente por deficientes, como bochagoalball e futebol de cinco. Ao longo da história, diversos atletas com deficiência física participaram de edições dos Jogos Olímpicos, tendo conseguido resultados expressivos. O único caso registrado de atleta profissional que fez o caminho inverso, ou seja, competiu primeiro em Jogos Olímpicos e depois em Jogos Paraolímpicos, é o do esgrimista húngaro Pál Szekeres, que conquistou uma medalha de bronze em 1988 e, após os Jogos, sofreu um acidente de carro que o deixou paraplégico. Szekeres já participou de cinco Jogos Paraolímpicos.
Brasil tem conseguido destaque nas últimas edições dos Jogos Paraolímpicos. O país estreou em 1976 e conquistou sua primeira medalha na edição seguinte. Em 2008, pela primeira vez encerrou uma edição entre os dez primeiros no quadro de medalhas, ficando em nono lugar com 47 medalhas. Os nadadores Clodoaldo Silva eDaniel Dias e os corredores Lucas PradoÁdria Santos e Terezinha Guilhermina são alguns dos destaques paraesportivos do país.[5] Portugal também tem obtido bons resultados, com destaque para a natação e a bocha, que deram seis das sete medalhas do país em 2008.[6] Angola compete apenas desde 1996, mas já conquistou seis medalhas, todas no atletismo.[7] Cabo Verde e Timor-Leste também já participaram de Jogos Paraolímpicos, mas nunca ganharam medalhas.[8][9]

Índice

 [esconder]

[editar]História

[editar]Precedentes

A imagem em preto-e-branco mostra um senhor com bigode usando óculos e paletó com um lenço no bolso externo
Sir Ludwig Guttmann, criador dos Jogos.
Em 1939, o neurologista alemão de origem judia Ludwig Guttmann foi forçado pelo governo nazista da Alemanha a deixar o país com sua família e se estabelecer naInglaterra, trabalhando na Universidade de Oxford. Em 1943, Guttmann foi indicado pelo governo britânico para chefiar o Centro Nacional de Traumatismos na cidade de Stoke Mandeville, sendo sua principal missão a reabilitação de soldados que serviram na Segunda Guerra Mundial.[10]
Antes da Guerra não havia registros de grandes esforços para reabilitar deficientes físicos, cuja vida era considerada de curta duração e de má qualidade. Guttmann desenvolveu uma nova filosofia de tratamento para os seus pacientes que unia trabalho e esporte. Entre as modalidades usadas no tratamento estavam basqueteboltiro com arcodardos e bilhar.[10]
Com o sucesso do novo sistema, Guttmann promoveu, em 28 de julho de 1948, o primeiro evento esportivo exclusivo para portadores de deficiência. A data não foi escolhida por acaso, uma vez que no mesmo dia tinham início os Jogos Olímpicos de Londres, a apenas 56 km de Stoke Mandeville. Dois grupos de arqueiros paraplégicosparticiparam da competição. O evento continuou a ocorrer todos os anos, tornando-se internacional em 1952, quando quatro atletas dos Países Baixos competiram. O crescimento continou de maneira acelerada até que, em 1960, a competição ocorreu pela primeira vez fora do Reino Unido.[10]

[editar]Os primeiros Jogos Paraolímpicos

Roma, na Itália, foi escolhida em 1959 sede da nona edição dos Jogos Internacionais de Stoke Mandeville, como era conhecido o evento, graças aos esforços de Guttmann em unir Jogos Olímpicos e competições para deficientes (Roma também sediaria os Jogos Olímpicos de Verão de 1960), sendo a primeira vez que o evento saía de Stoke Mandeville. Quatrocentos atletas de vinte e três países competiram em provas exclusivas para usuários de cadeira de rodas.[10]
A competição continuou a ser realizada na cidade inglesa nos anos seguintes, mas em 1964 novamente ocorreu na mesma cidade dos Jogos Olímpicos (Tóquio, no Japão). Nesta época já era comum, principalmente para a imprensa, o uso do nome "Paraolimpíadas" (contração de "Paraplegia" e "Olimpíadas") para designar o evento, principalmente aquele que ocorria fora da Grã-Bretanha.[10]
A realização dos Jogos Olímpicos e Paraolímpicos na mesma cidade não pôde ter continuidade em 1968, já que a Cidade do México desistiu por problemas financeiros e por falta de acessibilidade para pessoas em cadeira de rodas nos locais de competição. Tel Aviv, em Israel, recebeu a terceira edição dos Jogos. Em 1972, mais uma vez a sede dos Jogos Olímpicos não recebeu as Paraolimpíadas. Munique, na Alemanha Ocidental, declinou à ideia de organizar os Jogos por causa da falta de acessibilidade na Vila OlímpicaHeidelberg, no mesmo país, se ofereceu como alternativa.[10]

[editar]Novos tipos de deficiência

Nadadora amputada do braço direito compete nos Jogos Paraolímpicos
Amputados passaram a competir nos Jogos Paraolímpicos em 1976.
Ainda na década de 1960 surgiu o interesse de outras organizações de apoio aos deficientes em participar dos Jogos Paraolímpicos. Em 1976, ano em que mais uma vez o evento ocorreu no mesmo país sede dos Jogos Olímpicos (Canadá), mas em outra cidade (Toronto, enquanto Montreal recebeu as Olimpíadas), outras categorias passaram a integrar os Jogos. Pela primeira vez foram realizados eventos para deficientes visuaisamputados, pessoas com lesão na medula espinhal, entre outros, totalizando 1600 atletas de quarenta países.[11]
Em 2000, os deficientes mentais foram excluídos dos jogos por causas de denúncias de fraudes na escalação dos atletas. Na época, um jornalista se infiltrou na equipe de basquetebol da Espanha, e descobriu que vários atletas sem deficiência foram escalados, inclusive o próprio jornalista foi escalado entre os jogadores[12].
Havia muita dificuldade em determinar o que seria "deficiência mental", então os critérios não eram bem definidos. Na última assembleia geral do Comitê Paraolímpico Internacional em Cairo no Egito em 2004, foi aprovada a resolução que permitia novamente a participação de portadores de deficiência mental nos jogos.[13]

[editar]Jogos Paraolímpicos de Inverno

As adaptações dos esportes de inverno para deficientes também começaram a ocorrer após a Segunda Guerra Mundial. Em 1948 uma corrida na Áustria reuniu 17 esquiadores amputados, na primeira edição do que viria a ser o campeonato nacional de esqui para amputados. Em 1974 ocorreu o primeiro Campeonato Mundial de Esqui para Deficientes, na cidade de Le Grand-Bornand, na França. Os primeiros Jogos Paraolímpicos de Inverno ocorreram dois anos depois em ÖrnsköldsvikNoruega.[14]

[editar]Jogos Modernos

Em 1988, os Jogos Paraolímpicos voltaram a acontecer na mesma cidade dos Jogos Olímpicos (Seul, na Coreia do Sul), e pela primeira vez os comitês organizadores dos dois eventos trabalharam juntos. Por isso, os Jogos de Seul são considerados um marco no movimento paraolímpico mundial. Novas deficiências foram adicionadas e o programa foi expandido para dezessete esportes, que passaram a ter um sistema de classificação por tipo e grau de deficiência.
Um ano após os Jogos de Seul o Comitê Paraolímpico Internacional foi fundado, reunindo 167 países.[15] Em 2000, o IPC e o Comitê Olímpico Internacional assinaram um acordo de cooperação, complementado no ano seguinte com a política "Uma Eleição, Uma Cidade", segundo a qual a eleição da cidade-sede dos Jogos Olímpicos passaria a incorporar exigências relativas aos Jogos Paraolímpicos.[16]

[editar]Comitê Paraolímpico Internacional

[editar]Precursores (1964 – 1989)

A primeira organização dedicada à promoção de oportunidades esportivas para pessoas com deficiência foi a Organização Desportiva Internacional para Deficientes (ISOD), fundada em 1964. Os fundadores desta organização pretendiam que fosse um órgão de desportos adaptados, tal qual o COI era para os Jogos Olímpicos.[17] Esta comissão evoluiu para o Comitê de Coordenação Internacional de Organizações Mundial de Esportes para Deficientes (ICC), que foi criado em 1982. O ICC foi encarregado de defender os direitos dos atletas com deficiência frente ao COI.[18] Após o sucesso do esforço de cooperação entre o ICC e o COI, o que resultou nos Jogos Paraolímpicos de Verão de 1988 em Seul, o ICC determinou a necessidade de se expandir e incluir representantes de todas as nações que tinham programas desportivos para deficientes. Também considerou necessário incluir atletas nas decisões do órgão regulador paraolímpico. Por conseguinte, este organismo foi reorganizado como o Comitê Paraolímpico Internacional (IPC) em 1989.[18]

[editar]IPC (1989 – presente)

IPC é o órgão mundial que rege o Movimento Paraolímpico. É composto atualmente por 165 Comitês Paraolímpicos Nacionais (CPN) e quatro federações desportivas internacionais que representam deficiências específicas. O presidente da IPC é Philip Craven, ex-atleta da Grã-Bretanha.Na sua qualidade de chefe do IPC, Craven também é membro do Comitê Olímpico Internacional.[19] A sede do IPC está em Bonn, naAlemanha. O IPC é responsável pela organização dos Jogos Paraolímpicos de Verão e Inverno. Serve também como a Federação Internacional para nove esportes. Isto exige que o IPC supervisione e coordene os Campeonatos Mundiais e outras competições para cada um dos nove esportes que regulamenta. Submetidos a autoridade do IPC estão um grande número de organizações desportivas nacionais e internacionais, e federações, com estrutura semelhante ao do COI. O IPC também reconhece parceiros de mídia, certifica funcionários, juízes e é responsável pela aplicação do estatuto da Carta Paraolímpica.[20].
O IPC tem um estrito relacionamento de cooperação com o Comitê Olímpico Internacional (COI). Delegados do IPC também são membros do COI e participam das comissões da entidade. Os dois órgãos permanecem distintos, com eventos separados, apesar da estreita relação organizacional.[21].

[editar]Nome e símbolos


A bandeira paraolímpica
A origem do termo "Paraolimpíada" é obscura. O nome foi originalmente criado numa contração combinando "Paraplegia" e "Olimpíada".[22] A inclusão de outros grupos de deficiência tornaram esta explicação inadequada. A explicação formal atual para o nome é que ele deriva da preposição grega παρά, pará ("junto a" ou "ao lado de") e, portanto, refere-se a uma competição realizada em paralelo com os Jogos Olímpicos.[22] A primeira vez que o termo "Paraolímpicos" entrou em uso oficial ocorreu nos Jogos de Verão de 1988, realizados em Seul.
"Espírito em Movimento" é o lema do movimento paraolímpico. O lema foi introduzido em 2004 nos Jogos Paralímpicos de Atenas. O lema anterior era "Mente, Corpo e Espírito", lançado em 1994.[23]
O símbolo dos Jogos Paraolímpicos contém três cores, vermelho, azul e verde, que são as cores mais amplamente representadas nas bandeiras das nações. Cada cor está na forma de um Agito (que em latim significa "eu me movo"). Os três Agitos circundam um ponto central, que é um símbolo para os atletas se reunirem de todos os pontos do globo.[24] O lema e o símbolo do IPC foram alterados em 2003 para suas versões atuais. A mudança teve a intenção de transmitir a ideia de que atletas demonstram um espírito de competição e que o IPC como uma organização percebe o seu potencial e está avançando para alcançá-lo. A visão do IPC é, "permitir que atletas paraolímpicos alcancem a excelência desportiva e inspirem e excitem o mundo."[25]

[editar]Relações com os Jogos Olímpicos

Em 2001, o Comitê Olímpico Internacional (COI) e o Comitê Paraolímpico Internacional (IPC) assinaram um acordo que garante que as cidades-sede gerenciem tanto os Jogos Olímpicos quanto os Paraolímpicos. Este acordo permanece em vigor até os Jogos Olímpicos de Verão de 2012. Porém, será estendido para as edições subsequentes.[26]
O COI tem escrito o seu compromisso com a igualdade de acesso ao esporte para todas as pessoas em sua Carta, que afirma:[27]
A prática do desporto é um direito humano. Cada indivíduo deve ter a possibilidade de praticar desporto, sem discriminação de qualquer tipo e no espírito olímpico, que exige a compreensão mútua com um espírito de amizade, solidariedade e fair play... Qualquer forma de discriminação com relação a um país ou uma pessoa em razão de raça, religião, política, sexo ou de outro modo, é incompatível com os pertencentes ao Movimento Olímpico.
Embora a Carta não se manifeste sobre a discriminação especificamente relacionada com a deficiência, tendo em conta a linguagem na Carta a respeito da discriminação, é razoável inferir que a discriminação em razão da deficiência seria contra os ideais da Carta Olímpica e ao COI. Isso também é consistente com a Carta Paraolímpica, que proíbe a discriminação com base na política, religião, deficiência, economia, sexo, orientação sexual ou por motivos raciais.[28]
A man in a spandex singlet runs on a track.  He has two prosthetics below the knees
Oscar Pistorius em uma competição em 8 de julho de 2007
O presidente do comitê organizador de Londres, Lord Coe, disse sobre os Jogos Olímpicos e Paraolímpicos de Verão de 2012
Nós queremos mudar as atitudes do público em relação à deficiência, celebrar a excelência do esporte paraolímpico e consagrar desde o início que os dois eventos estão integrados como um todo.

[editar]Paraolímpicos nas Olimpíadas

Os atletas paraolímpicos têm buscado a igualdade de oportunidades para competir nos Jogos Olímpicos. O precedente foi criado por Neroli Fairhall, uma arqueira paraolímpica da Nova Zelândia, que competiu nos Jogos Olímpicos de Verão de 1984 em Los Angeles.[30] Em 2008, Oscar Pistorius, um velocista sul-africano, tentou se classificar para as Olimpíadas de 2008. Pistorius teve as duas pernas amputadas abaixo do joelho e corre com duas lâminas de fibra de carbono. Ele detém os recordes paraolímpicos nas provas dos 100, 200 e 400 metros. Em 2007, ele competiu em seu primeiro meeting internacional em pista para não-deficientes, após o qual a Associação Internacional de Federações de Atletismo (IAAF), órgão regulador do atletismo, proibiu o uso de qualquer dispositivo técnico que empregue "... molas, rodas ou qualquer outro elemento que forneça ao usuário uma vantagem sobre outro atleta que não utilize esse dispositivo." A preocupação entre os atletas e a IAAF foi que as lâminas de Pistorius lhe dessem uma vantagem injusta. A IAAF, em seguida, determinou que Pistorius estava inelegível para o Jogos Olímpicos de 2008.[31] Esta decisão foi anulada pelo Tribunal Arbitral do Desporto, que alegou que a IAAF não tinha apresentado provas científicas suficientes que as próteses de Pistorius lhe dava vantagens indevidas. Consequentemente, se ele conseguisse o indíce olímpico, ele seria autorizado a competir.[32] Sua melhor oportunidade para se qualificar foi na corrida de 400 metros. Pistorius perdeu o índice, a uma distância de 0,70 segundo. Ele competiu nos Jogos Paraolímpicos de Verão de 2008, onde ganhou medalhas de ouro nos 100, 200 e 400 metros sprints[33].
Os atletas sem deficiência também competem nos Jogos Paraolímpicos: os guias visuais para atletas com deficiência visual, são uma parte estreita e essencial da competição, que o atleta com deficiência visual e o guia são considerados uma equipe.[34]

[editar]Edições

O selo mostra um atleta em cadeira de rodas segurando um arco em posição de lançamento.
Selo comemorativo por ocasião dosJogos Paraolímpicos de Verão de 1972. Em alemão, lê-se "XXI Jogos Mundiais para Paralisados Heidelberg 1972 - Correio alemão".
Jogos Paraolímpicos de Verão[35]
EdiçãoCidade-sedeGrupos de deficiência participantes
(posicione o ponteiro sobre a sigla para ver o significado)
PaísesAtletas
PPAMVIPCINLA
1960 (detalhes)Itália RomaItália23400
1964 (detalhes)Japão TóquioJapão21375
1968 (detalhes)Israel Tel AvivIsrael29750
1972 (detalhes)Alemanha Ocidental HeidelbergAlemanha Ocidental43984
1976 (detalhes)Canadá TorontoCanadá381657
1980 (detalhes)Países Baixos ArnhemPaíses Baixos421973
1984 (detalhes)Reino Unido Stoke MandevilleReino Unido
Estados Unidos Nova YorkEstados Unidos
41
45
1100
1800
1988 (detalhes)Coreia do Sul SeulCoreia do Sul613013
1992 (detalhes)Espanha BarcelonaEspanha823021
1996 (detalhes)Estados Unidos AtlantaEstados Unidos1033195
2000 (detalhes)Austrália SydneyAustrália1223843
2004 (detalhes)Grécia AtenasGrécia1363806
2008 (detalhes)República Popular da China PequimChina1463951
2012 (detalhes)Reino Unido LondresReino Unido150*4200*
2016 (detalhes)Brasil Rio de JaneiroBrasil(não definido)N/DN/D
* Estimado
Jogos Paraolímpicos de Inverno[35][36]
EdiçãoCidade-sedeGrupos de deficiência participantes
(posicione o ponteiro sobre a sigla para ver o significado)
PaísesAtletas
PPAMVIPCINLA
1976 (detalhes)Suécia ÖrnsköldsvikSuécia17250+
1980 (detalhes)Noruega GeiloNoruega18350
1984 (detalhes)Áustria InnsbruckÁustria21457
1988 (detalhes)Áustria InnsbruckÁustria22398
1992 (detalhes)França AlbertvilleFrança24475
1994 (detalhes)Noruega LillehammerNoruega31492
1998 (detalhes)Japão NaganoJapão32571
2002 (detalhes)Estados Unidos Salt Lake CityEstados Unidos32416
2006 (detalhes)Itália TurimItália39474
2010 (detalhes)Canadá VancouverCanadá44502
2014 (detalhes)Rússia SóchiRússiaN/DN/D
2018 (detalhes)Coreia do Sul PyeongchangCoreia do Sul(não definido)N/DN/D

[editar]Esportes

Atualmente há vinte e oito esportes reconhecidos pelo Comitê Paraolímpico Internacional (IPC), sendo que um deles (dança esportiva em cadeira de rodas) não é disputado em Jogos Paraolímpicos. O IPC, além de organizar os Jogos, é a entidade administradora de nove esportes. A Organização Internacional de Esportes para Deficientes administra seis esportes, e treze são administrados por federações internacionais próprias.[37] A atualização mais recente do programa dos Jogos foi feita em dezembro de 2010, quando a canoagem e o triatlo foram adicionados. Ambos serão disputados pela primeira vez nos Jogos Paraolímpicos de Verão de 2016, no Rio de Janeiro.[38]

[editar]Esportes do IPC

  • Atletismo: possui provas para todos os tipos de deficiência, com provas disputadas em cadeira de rodas, com o uso de próteses e com o auxílio de um guia. Os dezessete tipos de evento (disputados na pista, no campo e na rua) são divididos em diversas classes, de acordo com o grau de comprometimento dos atletas.[39]
  • Biatlo: é disputado por deficientes físicos e visuais, agrupados em três categorias. O esporte reúne a resistência física do esqui cross-country e a precisão dotiro.[40]
  • Esqui alpino: é disputado por amputados, paraplégicos, portadores de paralisia cerebral e deficientes visuais, agrupados em três categorias. Um sistema de cálculos corrige o tempo de cada participante para permitir que atletas com graus diferenciados de comprometimento compitam na mesma prova.[41]
  • Esqui cross-country: é disputado por deficientes físicos e visuais. Alguns atletas competem usando um "sit-ski", uma cadeira apoiada em um par de esquis. As provas variam de 2,5 a 20 quilômetros de extensão.[40]
  • Natação: um dos esportes mais populares dos jogos, é disputado por deficientes físicos e visuais classificados de acordo com sua habilidade para cada nado. Não é permitido o uso de próteses ou de qualquer equipamento que auxilie o nadador, exceto os tappers, usados para bater levemente às costas dos deficientes visuais para avisá-los de que a borda da piscina está próxima.[44]
  • Tiro: disputado por deficientes físicos. Há duas categorias, para atletas em cadeira de rodas e em pé. Um sistema de classificação funcional permite que atletas de diferentes graus de comprometimento participem da mesma prova.[45]
  • Dança esportiva em cadeira de rodas: único esporte que não faz parte do programa dos Jogos Paraolímpicos devido ao número ainda restrito de federações nacionais, é disputada nas categorias combinado (em que apenas um dos integrantes do casal usa cadeira de rodas) e dueto (em que os dois integrantes estão em cadeira de rodas).[46]

[editar]Esportes da OIED

Dois atletas em cadeira de rodas estão frente-a-frente, ambos olhando para o chão, onde estão as bolas usadas no esporte. Uma juíza está agachada entre eles e outro observa em pé, ao fundo.
Competição de bocha nos Jogos Paraolímpicos de Verão de 2008.
  • Bocha ou boccia: disputado por atletas em cadeira de rodas portadores de paralisia cerebral. Todos os eventos são disputados por ambos os sexos.[47]
  • Esgrima em cadeira de rodas: disputado apenas por atletas em cadeira de rodas. Apesar de os atletas, em virtude da cadeira de rodas, ficarem mais afastados entre si, a baixa mobilidade do torso facilita os golpes, tornando as lutas mais rápidas que na versão tradicional.[48]
  • Futebol de sete: reúne jogadores com variados graus de paralisia cerebral. Tem regras parecidas com as do futebol tradicional, mas ocorre num campo menor com equipes de sete jogadores, e não há a regra do impedimento.[50]
  • Goalball: é disputado apenas por deficientes visuais. Cada trio tenta jogar uma bola com guizos dentro do gol adversário. Todos os jogadores ficam próximos ao seu gol, que tem a mesma largura da área de jogo.[51]
  • Judô: competem neste esporte deficientes visuais, divididos em categorias de peso. Mulheres participaram pela primeira vez em Atenas 2004.[52]

[editar]Esportes com federações próprias

  • Hipismo: usado primeiramente para reabilitação e recreação, é hoje disputado por deficientes visuais e físicos. Homens e mulheres competem juntos, de acordo com o seu perfil funcional. A Federação Equestre Internacional é a responsável pela modalidade.[57]
  • Remo: é o esporte mais novo no programa paraolímpico de verão, sendo introduzido apenas em Pequim 2008. Participam das provas deficientes físicos, utilizando equipamentos adaptados. É gerido pela Federação Internacional de Remo.[58]
  • Tênis em cadeira de rodas: competem neste esporte portadores de deficiência física em pelo menos um membro inferior. Na categoria "quad" só podem participar atletas com deficiência em três ou quatro membros. Todas as regras são as mesmas do tênis tradicional, exceto uma: a bola pode tocar no chão duas vezes antes de um jogador rebatê-la. A Federação Internacional de Tênis gere a modalidade.[60]
  • Vela: introduzido como esporte oficial em Sydney 2000, é aberto a atletas amputados, paraplégicos, portadores de paralisia cerebral e deficientes visuais. O sistema de classificação do esporte é baseado em quatro fatores: estabilidade, habilidade manual, mobilidade e visão. A Associação Internacional de Vela para Deficientes organiza as competições.[64]
  • Voleibol sentado: atletas com deficiência física competem em equipes de seis, podendo compor a mesma equipe portadores de diferentes graus de deficiência. Por ocorrer numa quadra menor que a do voleibol tradicional, é um esporte mais rápido. Como alguns atletas possuem ao menos parte dos membros inferiores, há uma regra que os obriga a manter a pélvis em contato com a quadra durante o jogo inteiro. É gerido pela Organização Mundial de Voleibol para Deficientes.[61]

[editar]Classificação

No início, a classificação dos atletas era feita apenas por critérios médicos. Um atleta com lesão na medula espinhal, por exemplo, não poderia participar das mesmas provas de um amputado das duas pernas, já que seus diagnósticos eram diferentes. O crescimento do movimento paraolímpico fez com que a prática esportiva passasse a ser mais importante que a reabilitação física. A classificação acompanhou essas mudanças e passou a levar em conta o aspecto funcional, ou seja, o quanto a deficiência impacta na performance do atleta. Devido a essa mudança, paraplégicos e amputados podem hoje competir na mesma categoria. Os esportes para deficientes visuais, entretanto, são uma exceção a essa regra, já que seu sistema de classificação permanece basicamente médico.[65]
A classificação funcional, ao contrário da médica, precisa ser específica para cada esporte, já que uma deficiência pode ter grande impacto na performance do atleta em um esporte, mas não fazer muita diferença para outro (por exemplo, atletas amputados de ambos os braços sofrem um impacto na performance maior na natação que no atletismo).[65]
Um atleta, usando óculos escuros e capacete, movimenta uma cadeira de rodas numa pista de atletismo
Os atletas são divididos em três categorias nos Jogos Paraolímpicos.
No atletismo, os competidores são encaixados em categorias de acordo com o tipo de sua deficiência. As categorias de números 11 a 13 são reservadas para deficientes visuais, a número 20 para atletas com deficiência intelectual, 32 a 38 para portadores de paralisia cerebral (sendo 32 a 34 para atletas em cadeira de rodas, e 35 a 38 para ambulantes), 40 a 46 para amputados e les autres e 51 a 58 para amputados e paraplégicos que correm em cadeira de rodas. Cada categoria possui um prefixo, F para eventos de campo ("field", em inglês) e T para eventos de pista ("track", em inglês).[66] A natação, outro esporte bastante popular, também tem sua classificação baseada no tipo de deficiência e no tipo de prova. Os deficientes visuais são divididos em três categorias de acordo com o grau de deficiência (S11 para os de maior grau e S13 para os de menor grau). Nove provas são oferecidas a estes atletas. Os deficientes físicos são classificados de acordo com diversos fatores, como força muscular, coordenação motora, amplitude de movimento e comprimento dos membros. A avaliação também inclui uma prova prática. Devido às suas características próprias, o nado borboleta possui uma classificação diferente, composta por nove classes e identificada pelo prefixo SB. Também por conta disso, a classificação para provas medley é única, com dez classes identificadas pelo prefixo SM. Uma terceira classificação, com dez classes identificadas por S, é válida para todos os outros tipos de nado. Em todos os casos, quanto maior o número da classe, menor é o grau de deficiência. Nem todas as provas são abertas a qualquer classe. De modo geral, distâncias mais curtas são reservadas para as categorias S1 a S5 e distâncias mais longas são disputadas por atletas S6 a S10.[67]
No basquetebol, no rugby em cadeira de rodas e na vela, cada atleta recebe uma pontuação (1,0 a 4,5 no primeiro caso, 0,5 a 3,5 no segundo, 1 a 7 no terceiro) de acordo com sua habilidade nos fundamentos dos esportes e seu grau de comprometimento físico (quanto menor a pontuação, maior o grau de comprometimento). Uma equipe de basquetebol (composta por cinco membros) não pode exceder 14 pontos,[68] enquanto uma de rugby (com quatro integrantes) deve ter no máximo oito pontos.[69] Na vela, as três categorias de barco possuem três atletas, cujas pontuações não podem somar mais de 14.[70]
Três atletas, usando vendas, estão deitados na quadra, durante uma partida de goalball.
No goalball os atletas também usam vendas.
As duas modalidades de futebol possuem sistema de classificação diferentes. No de sete, os atletas são divididos em quatro categorias de acordo com o grau de dificuldade de locomoção. A classe C5 reúne atletas que conseguem se equilibrar parados, mas têm dificuldades ao caminhar ou correr. Na C6 estão portadores de atetoseataxia ou uma combinação de espasticidade e atetose envolvendo os quatro membros. Na C7 estão portadores de hemiplegia, e na C8 portadores de hemiplegia, diplegia ou atetose que cumpram os critérios de classificação. Cada equipe deve ter pelo menos um jogador da classe C5 ou da C6, e no máximo três da classe C8.[71] Já no de cinco, podem praticar atletas com menos de 10% de acuidade visual e/ou campo de visão menor que 20 graus. Para igualar os diferentes tipos de deficiência, todos os jogadores usam vendas. Os goleiros podem ter visão completa, mas não podem ser registrados na FIFA nos cinco anos anteriores ao evento em questão.[72] O goalball e o judô têm critérios de classificação exatamente iguais aos do futebol de cinco.[73][74]
Os praticantes de bocha são divididos em dois grupos. No grupo 1 estão os atletas que dependem de assistência ou de uma cadeira de rodas elétrica para se movimentar, e no 2 estão os atletas que possuem pouca força, mas são capazes de movimentar sua própria cadeira de rodas.[75]
A competição de tiro divide os atletas em duas categorias, SH1 (atiradores que conseguem segurar a arma) e SH2 (atiradores que não possuem força suficiente para segurar a arma e precisam de um suporte para ela). Há ainda a categoria SH3 (deficientes visuais), que não é disputada em Jogos Paraolímpicos.[76] No tiro com arco, os arqueiros são divididos em três classes, uma para atletas em cadeira de rodas com deficiências nos quatro membros (W1), uma para atletas em cadeira de rodas com total movimentos dos braços (W2) e uma para atletas em pé, amputados, portadores de paralisia cerebral e les autres.[77] O hipismo tem cinco classes de acordo com o grau de deficiência de locomoção, sendo levados à Classe I os portadores de deficiências mais graves e à Classe V os de deficiências menos graves. Deficientes visuais também competem na Classe V.[78]
Dois atletas, usando capacete e uniforme dos Estados Unidos, pedalam na mesma bicicleta.
Bicicletas tandem são usadas por deficientes visuais.
No ciclismo, os deficientes visuais competem na traseira de bicicletas tandem (de dois lugares), e os atletas com dificuldade de locomoção são divididos em quatro classes, de acordo com a gravidade da deficiência (amputação ou paralisia). Atletas que usam cadeira de rodas para se locomover normalmente usam handcycles, veículos operados com as mãos, e são divididos em três classes. Portadores de paralisia cerebral competem em quatro classes, podendo usar bicicletas ou triciclos, dependendo da gravidade da lesão.[79]
A única exigência para competir no tênis em cadeira de rodas é a perda permanente da função de uma ou ambas as pernas devido a condições comolesão medularanquiloseamputação etc.[80] Já no tênis de mesa, os atletas são divididos em onze classes de acordo com sua habilidade e com fatores como amplitude de movimento, força muscular, restrições de locomoção, equilíbrio na cadeira de rodas e capacidade de manusear a raquete. Todas as categorias são identificadas pelo prefixo TT. As classes TT1 a TT5 são reservadas para atletas que competem em cadeira de rodas, as TT6 a TT10 para atletas que competem em pé e a TT11 para portadores de deficiência intelectual.[81]
A classificação da esgrima em cadeira de rodas é feita de acordo com avaliações funcional, de força muscular e de disfunções como espasticidade,atetose e ataxia. Os esgrimistas são divididos em duas classes, A e B.[82] O remo possui quatro classes de barcos adaptados. Na classe LT4+ competem quatro atletas que possuem pernas e braços. É a única classe com assento móvel (como o remo tradicional) e homens e mulheres competem juntos. A classe TA2x é reservada a duplas que não possuem membros inferiores. Homens e mulheres também competem juntos. As classes AW1x (feminina) e AM1x (masculina) é disputada por atletas sem os membros inferiores, que remam sozinhos.[83]
Os jogadores de voleibol sentado são classificados de acordo com o tipo de amputação que possuem, mas, salvo algumas exceções, todos os tipos de atletas competem juntos.[84] O único esporte em que o grau de deficiência não é levado em conta é o levantamento de peso, cuja divisão de classes ocorre de acordo com o peso do atleta. Em princípio, qualquer portador de deficiência pode competir, mas o Comitê Paraolímpico Internacional costuma vetar a participação de atletas que possuem impedimentos nos membros superiores que possam causar lesões.[85]
Dos esportes de inverno, o biatlo, o esqui alpino e o esqui cross-country têm classificação de acordo com o tipo de deficiência. São três categorias para deficientes visuais, sete para deficientes físicos que competem em pé e três para deficientes físicos que competem sentados. Não existem, entretanto, provas separadas de acordo com a categoria, ou seja, todos os atletas com determinada deficiência competem juntos. A classificação é usada apenas para, em algumas provas, determinar um fator de ajuste para o tempo de prova do atleta. Quanto mais severa a deficiência, maior o ajuste, como se o cronômetro corresse mais devagar. No hóquei sobre trenó e no curling em cadeira de rodas, não há uma separação entre os atletas, bastando ter um impedimento definitivo nos membros inferiores para competir.[86][87]
Como a canoagem e o triatlo só passarão a integrar o programa em 2016, ainda não há uma definição sobre a forma de disputa nem sobre a classificação para os Jogos.
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Jogos Paraolímpicos - Parte 2

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