Heitor Villa-Lobos | |
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O compositor brasileiro Heitor Villa-Lobos | |
Informação geral | |
Apelido | Villa-Lobos |
Nascimento | 5 de março de 1887 |
Origem | Rio de Janeiro |
País | Brasil |
Data de morte | 17 de novembro de1959 (72 anos) |
Gêneros | Modernismo brasileiro |
Instrumentos | violoncelo, violão |
Período em atividade | 1915 - 1948 |
Heitor Villa-Lobos (Rio de Janeiro, 5 de março de 1887 – Rio de Janeiro, 17 de novembro de 1959) foi um maestro e compositor brasileiro.[1]
Destaca-se por ter sido o principal responsável pela descoberta de uma linguagem peculiarmente brasileira em música, sendo considerado o maior expoente da música do modernismo no Brasil, compondo obras que enaltecem o espírito nacionalista onde incorpora elementos das canções folclóricas, populares e indígenas.[2]
Índice[esconder] |
[editar]Biografia
Filho de Noêmia Monteiro Villa-Lobos e Raul Villa-Lobos, foi desde cedo incentivado aos estudos, pois sua mãe queria vê-lo médico.[3] No entanto, Raul Villa-Lobos, pai do compositor, funcionário da Biblioteca Nacional e músico amador,[1] deu-lhe instrução musical[4] e adaptou uma viola para que o pequeno Heitor iniciasse seus estudos de violoncelo.[5] Aos 12 anos, órfão de pai,[6] Villa-Lobos passou a tocar violoncelo em teatros, cafés e bailes; paralelamente, interessou-se pela intensa musicalidade dos "chorões", representantes da melhor música popular do Rio de Janeiro, e, neste contexto, desenvolveu-se também no violão. De temperamento inquieto, empreendeu desde cedo escapadas pelo interior do Brasil, primeiras etapas de um processo de absorção de todo o universo musical brasileiro.[4] Em 1913 Villa-Lobos casou-se com a pianista Lucília Guimarães, indo viver no Rio de Janeiro.[7][1][4]
Em 1922 Villa-Lobos participa da Semana da Arte Moderna, no Teatro Municipal de São Paulo. No ano seguinte embarca para Europa, regressando ao Brasil em 1924. Viaja novamente para a Europa em 1927, financiado pelo milionário carioca Carlos Guinle. Desta segunda viagem retorna em 1930, quando realiza turnê por sessenta e seis cidades. Realiza também nesse ano a " Cruzada do Canto Orfeônico" no Rio de Janeiro.[3] Seu casamento com Lucília termina na década de 1930.[8]Depois de operar-se de câncer em 1948, casa-se com Arminda Neves d'Almeida a Mindinha, uma ex-aluna,[8] que depois de sua morte se encarrega da divulgação de uma obra monumental.[9] O impacto internacional dessa obra fez-se sentir especialmente na França e EUA, como se verifica pelo editorial que o The New York Timesdedicou-lhe no dia seguinte a sua morte.[10] Villa-Lobos nunca teve filhos.[11]
Faleceu em 17 de novembro de 1959. Encontra-se sepultado no Cemitério São João Batista no Rio de Janeiro.[12]
Em 1960, o governo do Brasil criou o Museu Villa-Lobos na cidade do Rio de Janeiro.[13]
[editar]Semana de Arte Moderna
Villa-Lobos participou da Semana de Arte Moderna de 1922 apresentando-se em três dias com três diferentes espetáculos:[3]
dia 13 | dia 15 | dia 17 |
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Segunda Sonata | O Ginete do Pierrozinho | Terceiro Trio |
Segundo Trio | Festim Pagão | Historietas: Lune de Octobre; Voilà la Vie; Je Vis Sans Retard, Car vite s'écoule la vie |
Valsa mística (simples coletânea) | Solidão | Segunda Sonata |
Rondante (simples coletânea) | Cascavel | Camponesa cantadeira (suíte floral) |
A Fiandeira | Terceiro Quarteto | Num Berço Encantado (simples coletânea) |
Danças Africanas | Dança Infernal e Quatuor (com coro feminino) |
Embora tenha sido um dos mais importantes nomes da música a apresentar-se na Semana de Arte Moderna, Villa-Lobos não foi o único compositor a ser interpretado, também foram interpretadas obras de Debussy, por Guiomar Novaes, de Eric Satie, por Ernani Braga, que interpretou também "A Fiandeira", de Villa-Lobos.
O Teatro Municipal de São Paulo foi o primeiro palco "erudito" a receber as obras de Villa-Lobos.
[editar]Obra
As primeiras composições de Villa-Lobos trazem a marca dos estilos europeus da virada do século XIX para o século XX, sendo influenciado principalmente por Wagner, Puccini, pelo alto romantismo francês da escola de Frank e logo depois pelosimpressionistas.[14] Teve aulas com Frederico Nascimento e Francisco Braga.[15]
Nas Danças características africanas (1914), entretanto, começou a repudiar os moldes europeus e a descobrir uma linguagem própria, que viria a se firmar nos bailados Amazonas e Uirapuru (1917). O compositor chega à década de 1920 perfeitamente senhor de seus recursos artísticos, revelados em obras como a Prole do Bebê, para piano, ou o Noneto (1923). Violentamente atacado pela crítica especializada da época,[16] viajou para a Europa em 1923 com o apoio do mecenas Carlos Guinle e, emParis, tomou contato com toda a vanguarda musical da época.[17] Depois de uma segunda permanência na capital francesa (1927-1930), voltou ao Brasil a tempo de engajar-se nas novas realidades produzidas pela Revolução de 1930.
Apoiado pelo Estado Novo, Villa-Lobos desenvolveu amplo projeto educacional, em que teve papel de destaque o Canto Orfeônico, e que resultou na compilação do Guia prático (temas populares harmonizados).[18]
À audácia criativa dos anos 1920 (que produziram as Serestas, os Choros, os Estudos para violão e as Cirandas para piano) seguiu-se um período "neobarroco", cujo carro-chefe foi a série de nove Bachianas brasileiras (1930-1945), para diversas formações instrumentais.[18] Em sua obra prolífera, o maestro combinou indiferentemente todos os estilos e todos os gêneros, introduzindo sem hesitação materiais musicais tipicamente brasileiros em formas tomadas de empréstimo à música erudita ocidental. Procedimento que o levou a aproximar, numa mesma obra, Johann Sebastian Bach e os instrumentos mais exóticos.[19]
[editar]Principais composições
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[editar]Estilo
É possível encontrar na obra de Villa-Lobos preferências por alguns recursos estilísticos: combinações inusitadas de instrumentos, arcadas bem puxadas nas cordas, uso de percussão popular e imitação do cantos de pássaros.[20] O maestro não defendeu nem se enquadrou em nenhum movimento,[21] e continuou por muito tempo desconhecido do público no Brasil e atacado pelos críticos, dentre os quais Oscar Guanabarino.[22] Também se encontra em sua obra uma forte presença de referências a temas do folclore brasileiro.
[editar]Reconhecimento
Não obstante as severas críticas, Villa-Lobos alcançou grande reconhecimento em nível nacional e internacional. Entre os títulos mais importantes que recebeu, está o de Doutor Honoris Causa pela Universidade de Nova Iorque e o de fundador e primeiro presidente da Academia Brasileira de Música.[23] O maestro foi retratado nos filmes Bachianas Brasileiras: Meu Nome É Villa-Lobos (1979),[24] O Mandarim (1995)[25] eVilla-Lobos - Uma Vida de Paixão (2000),[26] além de aparecer pessoalmente no filme da Disney, Alô, Amigos (1940), ao lado do próprio Walt Disney.[27] Em 1986, Heitor Villa-Lobos teve sua efígie impressa nas notas de quinhentos cruzados.[28]
[editar]Para ouvir
Heitor Villa-Lobos - Trio para Oboé, Clarinete e Fagote - 1. Animado | |
Interpretação: The Soni Ventrum Wind Quintet |
Heitor Villa-Lobos - Trio para Oboé, Clarinete e Fagote - 2. Tranquilo | |
Interpretação: The Soni Ventrum Wind Quintet |
Heitor Villa-Lobos - Trio para Oboé, Clarinete e Fagote - 3. Vivo | |
Interpretação: The Soni Ventrum Wind Quintet |
Referências
- ↑ a b c Heitor Villa-Lobos (em português). Memória viva. Página visitada em 16 de outubro de 2009.
- ↑ Modernismo (em português). Artes BR. Página visitada em 16 de outubro de 2009.
- ↑ a b c Villa-Lobos (em português). Almanaque UOL. Página visitada em 19 de outubro de 2009.
- ↑ a b c Villa-Lobos (em português). Vidas Lusófonas. Página visitada em 16 de outubro de 2009.
- ↑ Dicionário Grove de Música: edição concisa. Stanley Sadie; tradução Eduardo Francisco Alves. p 992. l 4b. - Rio de Janeiro: Jorge Zahar Ed.,1994.
- ↑ Dicionário Grove de Música: edição concisa. Stanley Sadie; tradução Eduardo Francisco Alves. p 992. l 6b. - Rio de Janeiro: Jorge Zahar Ed.,1994.
- ↑ Villa-Lobos (em português). Brasileirinho. Página visitada em 16 de outubro de 2009.
- ↑ a b Heitor Villa-Lobos - História (em português). SampaArt. Página visitada em 17 de outubro de 2009.
- ↑ Ellmerich, Luis. História da Música e da Dança. p 139, l 17. São Paulo, Boa Leitura Editora, 1962..
- ↑ The New York Times - 18 de Novembro de 1959 (em inglês).
- ↑ Ellmerich, Luis. História da Música e da Dança. p 140, l 8. São Paulo, Boa Leitura Editora, 1962..
- ↑ Heitor Villa-Lobos no Find a Grave
- ↑ Fac simile do decreto de criação do Museu Villa-Lobos.
- ↑ Massin, Jean e Brigitte; Trad. de Teresa Resende Costa et ali. História da Música Ocidental. p. 1044 l 6. Rio de Janeiro: Ed. Nova Fronteira, 1997.
- ↑ Ellmerich, Luis. História da Música e da Dança. p 139, l 26. São Paulo, Boa Leitura Editora, 1962..
- ↑ Massin, Jean e Brigitte; Trad. de Teresa Resende Costa et ali. História da Música Ocidental. p. 1044 l 30. Rio de Janeiro: Ed. Nova Fronteira, 1997.
- ↑ Massin, Jean e Brigitte; Trad. de Teresa Resende Costa et ali. História da Música Ocidental. p. 1044 l 31. Rio de Janeiro: Ed. Nova Fronteira, 1997.
- ↑ a b Villa-Lobos, Música e Fala. Sitio Oficial do Museu Villa-Lobos.
- ↑ Massin, Jean e Brigitte; Trad. de Teresa Resende Costa et ali. História da Música Ocidental. p. 1044. Rio de Janeiro: Ed. Nova Fronteira, 1997.
- ↑ Villa-Lobos, Biografia. Sitio Oficial do Museu Villa-Lobos.
- ↑ Ellmerich, Luis. História da Música e da Dança. p 140, l 5. São Paulo, Boa Leitura Editora, 1962..
- ↑ Ellmerich, Luis. História da Música e da Dança. p 140, l 11. São Paulo, Boa Leitura Editora, 1962..
- ↑ Sitio da Academia Brasileira de Música.
- ↑ Bachianas Brasileiras - Meu Nome é Villa-Lobos (em português). Meu cinema brasileiro. Página visitada em 16 de outubro de 2009.
- ↑ O Mandarim. O Cisco. Página visitada em 16 de outubro de 2009.
- ↑ Villa Lobos - Uma Vida de Paixão. Cine Players. Página visitada em 16 de outubro de 2009.
- ↑ Alô, Amigos. UOL Cinema. Página visitada em 17 de outubro de 2009.
- ↑ Moedas Comemorativas (em português). Banco do Brasil. Página visitada em 16 de outubro de 2009.
[editar]Bibliografia
- Bibliografia recomendada (em português) no Sitio oficial do Museu Villa-Lobos
[editar]Ver também
- Bachianas brasileiras
- O Trenzinho do Caipira
- A Floresta do Amazonas
- Melodia Sentimental
- Academia Brasileira de Música
[editar]Ligações externas
- Museu Villa-Lobos (em português)
- Sitio Villa-Lobos.pt (em português)
- Partituras e áudio no Portal Musica Brasilis (em português)
- Heitor Villa-Lobos Website (em inglês)
- Biografia (em francês)
- Classical composers database (em inglês)
- Obras de Heitor Villa-Lobos em International Music Score Library Project
http://pt.wikipedia.org/wiki/Villa_Lobos
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