Formatinho ou Formato Pato[1] (geralmente 13 x 21 cm,[2][3][4] parecido com o A5) é um formato de revistas muito usado em histórias em quadrinhos infanto-juvenis no Brasil, como por exemplo pelas revistas da Disney e Turma da Mônica.[3][5]
No Brasil, a circulação de revistas em quadrinhos no padrão formatinho começou em 1952, com o lançamento do número 22 da revista O Pato Donald pela Editora Abril, que viria a se tornar um modelo para as publicações brasileiras nas décadas seguintes, até a depreciação em favor do uso dos formatos originais no final da década de 1990[6][7][8] e início dos anos 2000.[2][3][9][10]
Esse tipo de formato — inferior ao utilizado anteriormente pelas histórias em suas publicações originais — foi criticado em relação a erros de publicação, viabilidade, quantidade de histórias, qualidade do papel e das ilustrações, mas também foi visto como adequado às realidade dos leitores brasileiros à época.[nota 1]
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[editar]Uso
[editar]No Brasil
No Brasil, o formatinho surgiu em 8 de Abril de 1952, quando foi adotado pela Editora Abril na revista O Pato Donald #22[2], publicada pela editora desde julho de 1950 em formato americano, (20 x 26 cm)[2] um tamanho menor, nos moldes da revista italiana Topolino.[3] A Topolino (título do Mickey Mouse), publicada pela editora Mondadori, foi editada inicialmente em 1932 como tabloide e em abril de 1949 adotou o formatinho.[11] O formato da revista Topolino foi uma adaptação do formato da revista Reader's Digest (revista Seleções),[12][13] que também era publicada pela Mondadori.[14]
Em 1975, a Bloch Editores passou a publicar os super-heróis Marvel e, para baratear os custos, trocou o formato original – comic book ou formato americano (17 x 26 cm) – pelo formatinho.[7] Ocorreu o mesmo no número 20 da revista Spektro, da Editora Vecchi,[15] e no número 27 da Kripta.[16]
Mesmo a EBAL, editora que introduziu o formato americano no Brasil em 1939 na revista Mírim[17], publicou em formatinho títulos como O Sombra[18], Tarzan[19] eSuperboy[20], entre outros[21].
Em 1979, a Editora Abril passa a publicar em formatinho os títulos Capitão América, Terror de Drácula[22] e Heróis da TV. A RGE ainda publicava à época títulos da Marvel, comoHomem Aranha, Hulk e X-Men, e ficou com esse títulos até 1983.[23] No ano seguinte, a Abril passou a publicar os super-heróis da DC, que deixaram de ser publicados pela EBAL.[10] A revista Conan, publicada nos Estados Unidos em formato "magazine" (21,5 x 28 cm, tamanho parecido com o usado na revista Veja),[24] para não sofrer censura do Comics Code Authority[25] teve títulos em formatinho pela Editora Abril.[26][27]
O formato americano ficou durante muito tempo restrito a mini-séries e graphic novels.[3][28] Mesmo tiras diárias e dominicais, como as de O Fantasma[29] e Hagar,[30] foram adaptadas para o formatinho[31].
Em 1989, foi criada a Abril Jovem, divisão infanto-juvenil da Editora Abril[32].
Em agosto de 2000, a Abril Jovem numa atitude tida como ousada para a época, iniciou a publicação da linha Premium para quadrinhos Marvel e DC Comics, revistas de capa cartonada, papel especial, formato americano, e 160 páginas cada.[9][10] A iniciativa tinha como objetivo tornar a publicação atraente a leitores que percebessem maior valor nas publicações, inclusive como itens colecionáveis. Esta série também introduziu o polêmico conceito de distribuição setorizada nas publicações de super-heróis. Todavia, o preço de R$ 9,90 (bastante caro em relação aos formatinho na época) desagradou aos leitores, cujo contingente diminuiu nesse período.[10] Em 2001, a Mythos Editora publicou títulos de super-heróis em um formato intermediário (15 x 24,5 cm),[33], o formato ficou conhecido como formato "econômico"[34][35].
Em 2002, a Abril Jovem perdeu os títulos da Marvel para a Panini Comics. A editora italiana já distribuía internacionalmente títulos da Marvel desde 1996[36]. Com isso, em maio de 2002, a Abril Jovem criou a linha Planeta DC, que voltava ao formatinho, com o preço de R$ 2,50 cada, apesar da promessa da editora de não mais publicar super-heróis em formatinho[37]
A linha Planeta DC publicou a mini-série Mundos em Guerra.[37] Já no final de 2002, os títulos da DC Comics também passaram a ser licenciados pela Panini Comics.[38]
A Panini publicou os títulos da Marvel no formato "millenium" (que recebeu esse nome pela publicação da linha editorial Marvel Millenium, formato usado ainda na Abril Jovem, onde o linha era chamada de "Marvel Século 21")[34][39], um intermediário, entre o formato magazine e o americano (18,5 x 27,5 cm), e, em agosto de 2002, passou usar o formato econômico da Mythos.[7]
Em agosto de 2003, a Panini passou a usar formato americano,[40] com raras exceções, como mangás, o selo Geração Marvel,[41] títulos do selo Johnny DC, como Jovens Titãs e Scooby Doo,[42][43][44] e a Coleção Pocket Panini.[45]
Em dezembro de 2010, foi anunciado que a Editora Abril publicaria em 2011, títulos do selo Johnny DC[46].
A L&PM Editores, que publica livros de bolso desde 1997,[47] costuma lançar compilações de tiras[48], no mesmo formato (10,5 x 17,5 cm)[49] com exceções como a Coleção Peanuts Completo, publicada em formato maior (21 x 17 cm).[50]
A Editora não foi pioneira no formato, antes dela a Editora Abril e a Rio Gráfica Editora já haviam feito o mesmo[51].
[editar]Em outros países
Na Itália, existe também o formato "bonelli" ou "bonellide" (16 x 21 cm), criado pela Sergio Bonelli Editore. O termo "bonellide" é usado para descrever revistas impressas neste formato e publicadas por outras editoras.[52] Títulos italianos como Tex e Zagor, entre outros, são lançados pela Mythos Editora no Brasil em formatinho (13,5 x 17,6 cm),[8][53][54], lombada quadrada, pouco mais de 100 páginas[4], preto e branco, impressos em papel-jornal,[55] o formato original italiano é usado apenas em edições especiais.[56]
Um outro formato usado na Itália é o "diabolik" (12 x 17 cm), baseado no formato de bolso. O formato possui esse nome por ter sido usado pela primeira vez no primeiro número da revista do personagem Diabolik, em Novembro de 1962[57][58].
Na França, os formatinhos são chamados de "petits formats".[59][60] No Reino Unido, o formatinho é usado em fanzines.[61]
O formato é conhecido nos Estados Unidos como "digest size" e foi adotado pelas revistas pulp de ficção científica, após o fim daSegunda Guerra Mundial, quando houve aumento no preço do papel utilizado (a polpa de celulose) nessas revistas. Assim como na Itália, como o próprio nome indica, o "digest size" também teve a revista Reader's Digest como modelo.[12][62] Quando usado para quadrinho, esse formato é chamado de "digest comics".[60][63]
A diferença do formatinho estadunidense é que as revistas são encadernadas em brochura (ou "lombada quadrada")[64], enquanto, no formatinho brasileiro, as lombadas podem ser quadradas[23] ou canoas(quando as folhas são unidas com grampos, como uma revista tradicional)[65].
Por influência dos mangás, os formatinhos voltaram a ser uma opção viável na publicação de quadrinhos nos Estados Unidos.[66][67][68]
[editar]Mangás
No Japão, os mangás são publicados em antologias muito parecidas com listas telefônicas, em papel-jornal, e republicados no formato tankōbon (formato de bolso), usando um papel de melhor qualidade.[8][69][70][71]
No Brasil, as editoras optaram por publicar tankōbons em formatinho[72] e contendo metade das páginas de um tankōbon.[8][73]
Editoras como a Escala e a Lancaster Editoral chegaram a publicar antologias com material brasileiro[74][75][76][77].
A única que seguia o formato japonês era a JBC,[78] porém o número de páginas também correspondia à metade de um tankōbon,[79] e nos anos seguinte ela também adotou o formatinho.[53]
Em Maio de 2010, a Panini Comics lança a revista Naruto Pocket, uma reedição do mangá Naruto no formato japonês.[80]
Em Fevereiro de 2011, a L&PM anunciou o lançamento de dois mangás no formato de bolso: Solanin de Inio Asano, e Boken Shonen, de Mitsuri Adashi[81].
[editar]Críticas ao formato
Além da diminuição do formato (que segundo alguns deprecia a arte de determinados artistas),[82] diálogos[83] e páginas inteiras eram cortadas para caberem nas revistas da Editora Abril/Abril Jovem[3][84] ou simplesmente por censura, já que por muito tempo no Brasil histórias em quadrinhos foram considerados apenas produtos infanto-juvenis.[28][84] Personagens que não eram publicados no Brasil foram simplesmente apagados, por exemplo, na primeira publicação da saga Guerras Secretas.[85]
Um formatinho, ao contrário de um comic book tradicional que contem apenas uma história de 22 páginas, costumava ter três ou quatro histórias, totalizando 100 páginas cada[34][35], impressas em papel-jornal,[37] coloridas e sem as tradicionais retículas ou Pontos Ben-Day[35][86][87] (abandonados após a utilização de colorização digital inciada pela Image Comics) [4][35], que tornava os quadrinhos um produto bastante popular no país[35].
Embora abandonadas nos quadrinhos ocidentais[88], as retículas ainda são bastante utilizadas nos mangás[89].
As revistas brasileiras podem reunir histórias de uma mesma saga[7] ou serem do tipo "mix", com histórias de vários personagens distintos,[90] de revistas originais publicadas em épocas diferentes.[23][34][91] Segundo o cartunista e editor Ota, a prática de reunir mais de uma história de uma saga surgiu na EBAL, pois o leitor brasileiro não estava habituado com o método "continua no próximo número" (o chamado cliffhanger)[7][92].
Para suprir a demanda por uma quantidade maior de histórias, novos quadrinhos eram produzidas por autores brasileiros[93][94][95][96].
As revistas "mix" são parecidas com as antologias de quadrinhos, Nos Estados Unidos, as revistas Action Comics,[97] The Brave and the Bold[98][99] e Tales of Suspense eram inicialmente antologias.[100]
As antologias (e o próprio formato americano) são derivadas dos chamados suplementos de tiras dominicais publicadas em jornais no formato tabloide e contendo 16 páginas, ao dobrar uma página de um tablóide é possível chegar ao formato americano, consequentemente o número de páginas dobra (32), a primeira antologia no formato americano Famous Funnies da Dell Publishing possuía 64 páginas[101].
A diferença dos suplementos dominicais para os comic books em formato americano é que os suplementos são antologia de páginas seriadas, já os comic book, são antologias de histórias (ou seja um conjunto de páginas)[17].
No Brasil, a EBAL publicou histórias do Capitão América e do Homem de Ferro oriundas de Tales of Suspense na revista Capitão Z Apresenta Dois Super-Heróis Shell: Capitão América & Homem de Ferro[102].[100]. Algumas publicações apresentavam erros que poderiam estar relacionados à falta de costura das lombadas.[23][103] Segundo o bibliotecárioWaldomiro Vergueiro, os erros não têm relação com o formatinho, mas são de responsabilidade das editoras brasileiras, já que são usados em vários países.[3][8]
Muitos leitores que colecionavam formatinho passaram a comprar edições encadernadas (exceto quando os personagens licenciados que não podem ser republicados por não terem suas licenças renovadas, Ex: Fu Manchu[104], Rom, o Cavaleiro do Espaço[105]) em formato americano e capa dura,[34][106] ou versões mais baratas[107][108], como as coleçõesEssential Marvel[109] e Showcase Presents,[110] (impressos em preto e branco e papel-jornal) e acabam trocando ou vendendo seus formatinhos para sebos , que se encontram saturados dessas revistas.[111]
Notas
- ↑ Ver seção de críticas ao formato.
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