Academia Brasileira de Música


Heitor Villa-Lobos, fundador e primeiro presidente da Academia Brasileira de Música, Rio de Janeiro.
Academia Brasileira de Música foi fundada em 14 de julho de 1945, por Heitor Villa-Lobos, seguindo padrões da Academia Francesa. É uma instituição sem fins lucrativos, composta por quarenta acadêmicos, os quais são personalidades de destaque no meio musical brasileiro nas áreas de composição musicalinterpretação emusicologia. Por meio do Decreto federal de 7 de novembro de 1946, reconheceu-se a instituição como sendo de utilidade pública e, em 6 de junho de 1947, também por meio de Decreto federal, tornou-se órgão técnico-consultivo do governo federal.[1]

Índice

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[editar]História das academias

As academias surgiram em um tempo remoto, chegando à época do filósofo Platão e sua escola.[2] Porém, o surgimento maciço de academias deu-se nos séculos XVI, XVII e XVIII, na Europa, com a "Academia do Palácio", (Paris1570), a "Academia de Florença", (1582), "Academia dos Generosos", (1647), e dos "Academia dos Singulares", (1663), sendo essas últimas criadas em Portugal, constituindo-se nas mais antigas das quais se tem notícia.[1]
No Brasil, o conceito de academia começou a ser difundido com a criação da "Academia Brasílica dos Esquecidos", (Bahia1724), pelo vice-rei do Brasil, Vasco Fernandes César de Meneses. Entretanto, sua duração foi curta, fechando suas portas no ano seguinte. Com este primeiro arroubo na direção de criar academias e associações no país, mesmo malsucedido, outras acabaram surgindo no território brasileiro.[1]

[editar]Características das academias

As academias eram locais onde se reuniam homens de letras, das artes e ciências para poderem expressar seus pensamentos, reunirem-se para trocas de ideias ou, simplesmente, manter a união entre seus companheiros de pensamento comum. Com o passar do tempo, acabaram ganhando um cunho mais abrangente, um tanto quanto espiritual e cultural, alargando seus limites para que muitos outros pudessem desfrutar de seus benefícios.[2]
Platão, responsável pela difusão da ideia de academia através de sua escola.
Adelino Brandão definiria desta forma as academias:
Cquote1.svg...tendência natural de aglutinação intelectual...necessária...porque exerce função cultural...que ajuda a sustentar a independência mental da nação, numa época de internacionalização acelerada.[3]Cquote2.svg
— Adelino Brandão

[editar]História da ABM

Academia Brasileira de Letras, fundada em 1896, foi uma academia bem sucedida, dentre algumas outras, e que seguiu o modelo francês de associação, o qual sempre recebeu maior notoriedade e é, até nossos tempos, um exemplo que muitos seguem. Algumas décadas depois, Villa-Lobos, em 1945, funda a Academia Brasileira de Música, também baseada no modelo francês, a fim de reunir 40 personalidades de destaque do mundo da música de nosso país, concedendo-lhes um título honorifico.[1] O compositor, nascido no Rio de Janeiro, não poupou esforços para que sua ideia seguisse adiante, deixando, por meio de testamento, parte dos direitos autorais sobre suas obras em benefício próprio e dos membros acadêmicos da instituição. Com isso, a música brasileira teria maior difusão em todo o país e no exterior. Entretanto, logo depois de sua fundação, o número de cadeiras passa para cinquenta, todas ocupadas por indivíduos ligados à música de alguma forma.

[editar]Reformas

Francisco Mignone, um dos presidentes da academia, restaurou seu estatuto e regimento interno, diminuindo o número de cadeiras para quarenta, fazendo com que se assemelhasse à ABL. Por este motivo, dez artistas perderam seus títulos honoríficos, causando um certo desconforto na academia, sendo a redistribuição dessespatronos pelas cadeiras de fundadores que já haviam falecido a melhor solução para se resolver tal inconveniência.[1]
Ricardo Tacuchian, outro presidente da academia, realizou outra mudança dentro do estatuto e do regimento interno, extinguindo o quadro de “Membros Intérpretes”, sendo os que ainda estavam vivos direcionados para o quadro de “Acadêmicos Efetivos”. Essa mudança fez com que esses membros figurassem como elegíveis a qualquer vaga disponível em cargos dentro da instituição.[1]

[editar]Acadêmicos

Muitos estudiosos da música, cada um dentro de sua própria especialidade, passaram pela academia. Alguns exemplos ilustrativos são Lorenzo FernándezCésar Guerra-PeixeGuiomar Novaes e Magdalena Tagliaferro. Dentre os membros correspondentes, ou seja, aqueles que se correspondiam com a ABM, havia um grupo de importantes musicistas como Mieczysław HorszowskiArthur RubinsteinMarcel BeaufilsMichel Philippot.[1]

[editar]Passado recente

Após as administrações dos primeiros presidentes, Villa-Lobos, José Cândido de Andrade Muricy, Francisco Mignone e Marlos Nobre, a academia atravessou períodos turbulentos: o sucessor de Francisco Mignone passou muitos anos no cargo e os acadêmicos elegeram, para sua substituição, o Embaixador Vasco Mariz para o período de mandato de 1991-1993, o qual não tomou posse por conta de mandados de segurança em nome do presidente em exercício. Porém, no ano de 1993, depois de muitos problemas com a presidência e de caráter administrativo, a Academia Brasileira de Música firma-se como instituição, com uma estrutura administrativa renovada e boas gestões, tendo como presidentes Ricardo Tacuchian (1993-1997), Edino Krieger (1998-2001) e José Maria Neves, que iniciou seu mandato em 2002, mas, por seu falecimento, foi substituído por Edino Krieger.[1]
Pe. José de Anchieta, primeiro patrono da Academia Brasileira de Música.

[editar]Sede

Ainda no mandato de José Maria Neves, iniciou-se o processo de compra de sua sede, o qual não foi concluído pelo mesmo presidente, devido a seu falecimento. Coube a Edino Krieger finalizar o processo e levar para o centro da cidade do Rio de Janeiro a nova academia, a Casa de Villa-Lobos.
A partir desse momento, a academia passa a ser um centro de referência para todos os músicos, lançando projetos audaciosos como a "Bibliografia Musical Brasileira", banco de dados sobre música brasileira feita no Brasil e no exterior, o "Banco de Partituras de Música Brasileira" e as séries "Brasiliana" e "Trajetórias", sendo a primeira concertos de música brasileira e, a segunda, depoimentos de músicos importantes do Brasil. Além disso, criou-se, também, concursos de monografias, projetos de educação musical em comunidades carentes e o selo discográfico da ABM.[1]

[editar]Patronos da academia

1º José de Anchieta2º Luiz Alvares Pinto3º Domingos Caldas Barbosa4º J.J.E. Lobo de Mesquita
5º José Maurício Nunes Garcia6º Sigismund Neukomm7º Francisco Manuel da Silva8º Pedro I
9º Thomáz Cantuária10°Cândido Ignácio da Silva11º Domingos R. Mossurunga12º José Maria Xavier
13º José Amat14º Elias Alvares Lobo15º Antônio Carlos Gomes16º Henrique Alves de Mesquita
17º Alfredo E. Taunay18º Arthur Napoleão19º Brasílio Itiberê da Cunha20º João Gomes de Araújo
21º Manoel Joaquim de Macedo22º Antônio Callado23º Leopoldo Miguez24º José Cândido da Gama Malcher
25º Henrique Oswald26º Euclides Fonseca27º Vincenzo Cernicchiaro28º Ernesto Nazareth
29º Alexandre Levy30º Alberto Nepomuceno31º Guilherme de Mello32º Francisco Braga
33º Francisco Valle34º José de Araújo Vianna35º Meneleu Campos36º J. A. Barrozo Netto
37º Glauco Velasquez38º Homero Sá Barreto39º Luciano Gallet40º Mário de Andrade

Referências

  1. ↑ a b c d e f g h i Academia Brasileira de Música. Página visitada em 21/02/2009.
  2. ↑ a b The Academy of Plato. Página visitada em 1/3/2009 (em inglês).
  3.  Adelino BrandãoInstituto Cultura Oswaldo Galotti. Página visitada em 1/3/2009.

[editar]Ver também

[editar]Ligações externas



http://pt.wikipedia.org/wiki/Academia_Brasileira_de_M%C3%BAsica

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